Sobre Todas as Artes

Reunindo pesquisadores brasileiros, portugueses e de outras nacionalidades, o V Encontro Internacional da Rede Todas as Artes | Todos os Nomes, que terá lugar na cidade do Porto, nos dias 30 de junho e 1 e 2 de julho de 2025, terá como mote o papel da Inteligência Artificial na contemporaneidade, nomeadamente em relação à criação artística e no campo das políticas culturais e de outras pesquisas nas ciências sociais. Dando seguimento ao interesse de quase duas centenas de investigadores que têm participado nas antecedentes edições no quadro das ciências sociais, artes e humanidades, é nosso intento exportar e refletir o avanço da inteligência artificial (IA) e as transformações profundas que está a operar nos campos da arte, da cultura e da sociedade, criando possibilidades e desafios para a criatividade e para a expressão humana. Desta feita, o V Encontro Internacional Todas as Artes, propõe ser um espaço de reflexão e de diálogo interdisciplinar sobre os modos como a IA reconfigura os limites da produção artística, dos processos criativos e das relações sociais, questionando paradigmas éticos, políticos e económicos.

A IA tem o potencial de transformar as formas como produzimos, consumimos e interpretamos a arte. Por um lado, existem vários algoritmos que possibilitam a criação de obras que ultrapassam as capacidades individuais humanas, ao passo que, por outro lado, se levantam questões sobre a originalidade, a autoria e a propriedade intelectual, bem como sobre a autenticidade das obras. Além disso, ao influenciar aquelas que são as economias criativas e os sistemas de produção cultural, a IA desafia o papel do artista e questiona os limites entre o humano e o tecnológico, principalmente quando colocada em relação a emergentes movimentos sociais.

É basilar, na atualidade, refletir sobre como a tecnologia pode democratizar o acesso às ferramentas criativas, bem como – concomitantemente - aprofundar eventuais disparidades culturais e sociais. Além disso, o papel da IA na preservação de memórias culturais e na criação de novos arquivos digitais será abordado, levantando questões sobre o uso ético e responsável da tecnologia em práticas que envolvem a memória coletiva e a identidade. Outro eixo capital é o impacto da IA nas economias criativas, incluindo a precarização do trabalho artístico e a sua redefinição no âmbito dos mercados culturais. Simultaneamente, a IA pode ter um papel fundamental na forma como o apoio às artes e outras formas de política cultural são desenhados, concedidos, monitorizados e avaliados. Nessora, em tempos de crescente dependência tecnológica, assoma a necessidade de questionar cientificamente de que forma a IA pode ser utilizada para promover a inovação e a sustentabilidade, ao invés de reforçar desigualdades e práticas excludentes. Pois, na medula deste V Encontro Internacional, pretendemos analisar a relação entre IA e políticas culturais, investigando sistemas de governança e de regulamentação da tecnologia no campo artístico e cultural, além do impacto das práticas tecnológicas em movimentos sociais, como o (ciber)feminismo, o antirracismo e o ambientalismo, entre outros.

Desta feita, o evento reunirá pesquisadores e criadores de diversas áreas — como sociologia, antropologia, filosofia, estudos urbanos, arquitetura, artes visuais, música, literatura e tecnologia — para discutir como a IA pode ser integrada criticamente nas práticas artísticas e nos estudos culturais. Além disso, refletirá sobre os impactos da IA na diversidade cultural, na ética digital, nas economias criativas e nas políticas culturais contemporâneas. Então, dando continuidade à missão da Rede Todas as Artes | Todos os Nomes, este V Encontro Internacional incentiva abordagens inovadoras e críticas que cruzem a arte, a ciência e a sociedade do Norte ao Sul Global.

Mola propulsora face à diversidade de abordagens e temas em torno da arte, a Rede Todas as Artes | Todos os Nomes tem vindo a diligenciar, desde a sua criação, em 2016, a convergência, a comunicação e a troca entre pesquisadores e redes de pesquisa sobre a arte nas áreas da sociologia, antropologia, economia da cultura, estudos culturais, estudos urbanos, arquitetura, história e artes, entre outras. Desta forma, tem sido estimulada a apresentação de resultados de pesquisas e debates em torno da arte, dos seus espaços e hierarquias; as relações entre a arte e a esfera pública; as instituições culturais e práticas artísticas na cultura contemporânea; as conexões entre a sociologia, a antropologia e a arte contemporânea, entre outras; as artes de rua, o graffiti, a cidade e as juventudes; as paisagens urbanas, artes e as cidades; as curadorias, os engajamentos e as identidades artísticas; a crítica da arte; a diversidade cultural e artística; as identidades, as culturas, as diásporas e as nacionalidades; a arte e a globalização; a arte, a tecnologia e os (des)encantamentos do mundo; o filme documentário e narrativas etnográficas; os objetos, as memórias, as heranças e as coleções; as perspetivas sobre corpo, gênero e moda na contemporaneidade; os quesitos de poéticas ampliadas e da música de resistência; o teatro, a criação, a linguagem e a contestação; a festivalização, os eventos e o cosmopolitismo da cultura contemporânea; as manifestações artísticas underground e subversivas; as publicações sobre a arte e vida social; a atuação das artes na inclusão social; as relações entre a atuação artística e as políticas culturais e o desenvolvimento dos territórios.